Entendendo sobre Medicamentos Biológicos

Que doenças tratam?

 

Os medicamentos biológicos recombinantes são empregados em diversas áreas terapêuticas, no tratamento de uma gama de doenças. Podemos citar alguns exemplos de medicamentos biológicos recombinantes menos complexos como a insulina humana recombinante adotada no tratamento do diabetes, a eritropoetina humana recombinante, empregada no tratamento de anemia ligada à insuficiência renal ou uso de quimioterapia, diferentes formas de interferon recombinante, empregados no tratamento de hepatite B e C crônicas, melanoma, sarcoma de Kaposi, alguns tipos de linfoma e de leucemia, dentre outros(9).

 

Há ainda outros medicamentos biológicos que possuem como princípios ativos moléculas mais complexas, como os anticorpos monoclonais recombinantes, dotados de atributos únicos que os tornam uma ferramenta terapêutica bastante interessante. Um desses atributos é a alta afinidade por um alvo (antígeno) específico dentro do corpo humano, sendo outro atributo importante, a capacidade de recrutar células do sistema imune para atacar seu alvo Figura 5 (10). A maioria dos anticorpos monoclonais recombinantes, atualmente utilizados na prática clínica, são utilizados para o tratamento de doenças oncológicas (38,9%) e autoimunes (25%)(11).

 

 

Figura 5 - Estrutura esquemática de anticorpo monoclonal.

 

Nas doenças autoimunes, o sistema imunológico enxerga as células saudáveis do organismo como exógenas (não próprias do organismo) e as ataca por engano, criando uma autoimunidade, característica de doenças(12) como, por exemplo, a artrite reumatoide, a espondilite anquilosante, a artrite psoriásica, a psoríase, dentre outras. Nessas doenças autoimunes, níveis elevados de uma citocina inflamatória chamada TNF (do inglês, Tumor Necrosis Factor), presente no sangue, desencadeiam um processo inflamatório(13).

 

Medicamentos como o inflximabe e o etanercepte, que se ligam a essa molécula de TNF já estão no mercado há mais de 20 anos, com perfis de eficácia e segurança bem caracterizados na prática clínica. O etanercepte difere dos demais anticorpos monoclonais recombinantes por ser uma proteína de fusão, baseada em um anticorpo, e não uma molécula de anticorpo monoclonal típica. Trata-se de uma molécula formada pela fusão de outras duas (uma delas uma fração de um anticorpo e a outra uma molécula que se liga ao TNF, fator envolvido em processos inflamatórios). A estrutura do etanercepte garante à molécula um mecanismo de ação baseado na ligação ao TNF com consequente bloqueio ou neutralização da ação pró-inflamatória ligada a esse fator.

 

 

9. Leader B1, Baca QJ, Golan DE. Protein therapeutics: a summary and pharmacological classification. Nat Rev Drug Discov. 2008, Vols. 7(1):21-39.

 

10. Manis, John P. UpToDate. Overview of therapeutic monoclonal antibodies. [Online] 30 de 08 de 2019. [Citado em: ] https://www.uptodate.com/contents/overview-of-therapeutic-monoclonal-antibodies.

 

11. Santos, M L, Quintilio, W e Manieri, T M, et al. Advances and challenges in therapeutic monoclonal antibodies drug development. Braz. J. Pharm. Sci. 2018, Vol. 54.

 

12. Cancer Treatment Centers of America. The cancer and autoimmune disease connection may increase disease risk, complicate treatments. [Online] 17 de 10 de 2018. [Citado em: ] https://www.cancercenter.com/community/blog/2018/10/the-cancer-and-autoimmune-disease-connection.

 

13. Barrell, A. Medical News Today. What to know about tumor necrosis factor. [Online] 01 de 04 de 2019. [Citado em: ] https://www.medicalnewstoday.com/articles/324841.php.

 

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